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A vocação inovadora do JB

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Pois é, quando a gente menos espera, percebe que nem tudo é desalento, neste instante, no nosso Rio. O retorno do JORNAL DO BRASIL às bancas recoloca em cena um dos maiores ícones da cidade.

Fundado em 1891, o JB, desde cedo, forjou a sua vocação histórica e teve papel relevantíssimo na modernização e no profissionalismo da imprensa brasileira, sobretudo após a reforma editorial empreendida na segunda metade dos anos 50. De influência nacional, contribuiu sobremaneira para irradiação dos aspectos mais reluzentes da cultura carioca, disseminando-a por todo o Brasil.  Por suas redações passaram gigantes do jornalismo, do ambiente cultural e da vida política do país. Em 2010, o jornal tornou-se apenas digital, com o fim das edições impressas, que, agora, ressurgem para a felicidade de todos nós.

Vivemos quadras complexas. No âmbito midiático, a imprensa talvez passe pelos seus momentos mais difíceis de identidade, diante de um mundo que se transforma, totalmente, a um ritmo inimaginável e alucinante. Os arcabouços das relações são outros, mais horizontais do que verticais. Estamos todos tentando nos adaptar aos novos tempos. Novas práticas, porém, não prescindem de compromissos pétreos com a verdade e com a democracia. As clandestinas e deletérias fábricas de fake news não podem prevalecer nem prejudicar os interesses soberanos e majoritários das sociedades. O mesmo vale para o entulho fascista que viceja em todos os setores, com o despudor de suas intolerâncias. 

Nesse contexto, mais importante torna-se a imprensa profissional e livre de cabrestos alheios aos seus ofícios públicos. Com a sua secular tradição de independência e com o seu rol de grandes serviços prestados ao Rio e ao Brasil, certamente, poderemos contar com o restaurado JB na luta pelas boas causas contemporâneas e contra todas as variantes de racismo.

Hoje, vivenciamos conexões tecnológicas. Quase tudo migra para o planeta digital. Algumas mercadorias, porém, por melhor que tenham feito a transposição para outra plataforma, continuam ainda se expressando mais adequadamente em seus formatos originais. Os frutos da galáxia de Gutenberg - jornais, livros, etc. - exemplificam. Na contramão das tendências, voltar ao padrão impresso é mais um passo revolucionário dado pelo JB, um veículo que tem como marca a inovação.

No mais, é congratular-me com Catito Peres e com toda a equipe de jornalistas que nos presenteiam com esta bela ousadia. 

*ex-prefeito do Rio de Janeiro