ASSINE
search button

O Rio e o Jornal do Brasil 

Compartilhar

Vivemos dias de intolerância, de falsas notícias, de polarização política, de maniqueísmo. Dias onde o “viés de confirmação“ faz com que só se acredite naquilo que confirme suas crenças e se rejeite tudo que é contrário aos seus dogmas, dias de alerta onde o Presidente Trump diz que a imprensa é inimigo do povo e a ONG Repórteres sem Fronteiras diz que a liberdade de imprensa nunca esteve tão ameaçada não só em regimes autoritários como China, Rússia e Venezuela como na Europa, que teve a maior queda no ranking Mundial da Liberdade de Imprensa, em países como Hungria, Polônia e Turquia. 

Na América Latina jornalistas são assassinados. No Brasil a classe política está desacreditada e a representação através de nossas Instituições de Estado e Governo, importantes bases da democracia, não podem perder a confiança dos brasileiros. Não é um quadro tranquilo de nossa realidade política onde partidos e candidatos frequentemente se vêm como inimigos e não como oponentes.

Sabemos que a democracia está sempre se aprimorando com as mudanças sociais e culturais mas sabemos também que ela pode ser frágil e que precisa de cuidado e atenção ininterruptos. 

A boa notícia é a chegada do Jornal do Brasil, instrumento importante da cidadania, liberdade, diversidade de opinião e do fortalecimento da democracia. Chegada, talvez, não seja a palavra certa, pois o JB está entre nós desde 1891. Nasceu no começo da República mas tinha DNA monarquista, D. Pedro II dizia “A Tribuna e a Imprensa são os melhores informantes do Monarca”, “A  nossa principal necessidade política é a liberdade de eleição: sem esta e a de Imprensa não ha sistema Constitucional”. Certa vez o Professor Darci Ribeiro me disse que Pedro II era um dos maiores Progressistas de seu tempo pela postura em relação as liberdades  e à livre expressão. Como sob o reinado de Pedro II havia total liberdade de imprensa e politica o JB  não foi muito “bem-vindo”  no começo do Governo militar que com o golpe da República fechou jornais e perseguiu jornalistas. 

O Rio e o Jornal do Brasil co e Joaquim Nabuco como chefes de Redação,  em 1891 em uma série de artigos com o titulo de  “Ilusões Republicanas”  e com o destaque dado à morte do Imperador no exilio o jornal foi invadido e depredado e Joaquim Nabuco teve que deixar o Jornal. O republicano Rui Barbosa passa a dirigir o JB mas faz oposição à ditadura de Floriano Peixoto e o jornal é empastelado. Com a Revolta da Armada e posições claras contra os partidários de Floriano, Rui Barbosa se refugia na Inglaterra para não ser preso e o Governo suspende a liberdade de imprensa. Invadido e empastelado em 1929 passa pelo Estado Novo quando é censurado e nem mesmo as caricaturas, famosas no JB da época, escaparam da tesoura. Intentona Comunista, Getulio, Golpe militar de 1964, redemocratização, Constituinte de 1988, alternância de poder e o JB presente. 

Parabenizo Omar Peres e a todos que tiveram a coragem e o ideal de trazer de volta este importante Jornal para dar voz, transparência e espaço à diversidade de opiniões. 

* Principe