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Longe de um cinema perto de você

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Até poucas décadas, quando queríamos assistir a um filme, tínhamos apenas a sala de cinema, como opção. No máximo, assistir ao filme pretendido, anos depois, dublado (e cortado) na TV. Então, o videocassete caseiro nos libertou – e nos deu acesso a produções novas e antigas, de todas as partes. Agora, com o advento do streaming, as janelas de exibição mudaram mais uma vez. E, drasticamente.

Atualmente, pode-se assistir a um filme inédito, não só em canais de cinema premium, como HBO (que produz filmes próprios com esmero, o que afastou, para bem longe, a pecha ruim de “Filme feito para TV”) como em plataformas como Netflix. Nesta última semana, tanto HBO, quanto Netflix, lançaram dois longas- -metragens, do tipo que fariam boa carreira em salas de exibição pelo mundo: “Fahrenheit 451” (foto), da HBO, e “Cargo”, da Netflix. 

O primeiro é uma nova adaptação do famoso livro de Ray Bradbury, que já ganhou versão cinematográfica nos anos 1960, pelas mãos de ninguém menos do que François Truffaut. Neste novo approach, 40 anos depois (dirigido e adaptado por Ramin Bahrani), optou-se por atualizar o mundo em que se passa a ação. Por isso, ganhou um visual meio “Blade runner 2049”. Afinal, o livro, foi escrito nos anos 1950.

Neste futuro distópico, aquela sociedade opressora, onde se queima livros, para manter a população domada, conheceu a internet (agora, banida) e os arquivos digitais. Ou seja, perdeu um pouco do impacto original. Já que, quando víamos as obras literárias sendo queimadas, não havia alternativa para preservá-las. Doía. Agora, é possível digitalizar os livros

Contudo, as liberdades tomadas pelo filme são aceitáveis. Ele tem ritmo envolvente. E o elenco encabeçado por Richard B. Jordan (de “Pantera Negra”), Michael Shannon (de “A forma da água”, aqui, meio que repetindo seu papel vilanesco deste) e Sofia Boutella (de “A múmia”), se encarregam de nos manter interessados. 

Por outro lado, o bem mais barato “Cargo” é um filme de zumbis no qual, estes, mal são vistos. Acompanhamos a saga de um homem (Martin Freeman, o Watson, da série de TV “Sherlock”, da BBC), pelas imensidões australianas, tentando sobreviver com a filha bebê, numa trama de muitos silêncios e sustos contidos. Neste ponto, lembra (um pouquinho) o sucesso recente dos cinemas, o também pequeno e tenso “Um lugar silencioso”.

É a primeira produção australiana da Netflix (que, na Oceania, chegou aos cinemas). Foi baseado num curta, que fez bastante sucesso na internet há cinco anos. Mas, não espere nada no nível de “The walking dead”.

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Rugidos

•  O “insulto”, o primeiro filme libanês indicado ao Oscar estrangeiro, estreou esta semana, nos serviços de streaming iTunes, Now e Google Play. É o tipo de programa imperdível.

• Depois de mais de uma década fora de circulação, o marinheiro Popeye, que já tem 89 anos de estrada, está de volta. Uma nova série animada com o personagem, está sendo desenvolvida pelo YouTube. Aguardemos. 

• Nos Estados Unidos, o Amazon Prime conta com o ótimo catálogo de filmes B/cult (terror e sci-fi , sobretudo) da Full Moon Pictures. Em breve, felizmente, ele poderá chegar, também, ao catálogo da Amazon do Brasil. É só questão de acertar os direitos de distribuição.