‘Estranho caminho’ selecionado para o Festival de Tribeca

MYRNA SILVEIRA BRANDÃO

O prestigiado Festival de Tribeca foi criado pelo ator Robert De Niro e Jane Rosenthal, em 2001, como uma forma de levantar o astral da cidade após os ataques do World Trade Center.

“Estranho caminho” é um drama fantástico do cearense Guto Parente e participará da Competitiva Internacional do evento, onde fará sua estreia mundial.

A história segue a trajetória de David, um jovem cineasta que, ao visitar sua cidade natal, Fortaleza, é surpreendido pelo rápido avanço da pandemia de covid-19 e se vê obrigado a procurar o pai, Geraldo, um sujeito peculiar com quem não fala ou tem notícias há mais de dez anos. Após o reencontro dos dois, coisas estranhas começam a acontecer.

Após estreia em Tribeca, o filme seguirá sendo exibido em festivais internacionais, com previsão de estreia nacional no segundo semestre.

Guto Parente nasceu em 1983 em Fortaleza (CE). É roteirista, produtor, fotógrafo editor e diretor conhecido por seu trabalho em “Inferninho” (2018); “Estrada para Ythaca” (2010); e “A misteriosa morte de Pérola” (2014). Alçou fama internacional ao realizar “O estranho caso de Ezequiel”, em 2016.

Em conversa com o JORNAL DO BRASIL, ele falou do filme e do significado dessa seleção para o prestigiado festival.

 

JORNAL DO BRASIL - Qual a principal motivação para ter realizado “Estranho Caminho”?

GUTO PARENTE - A primeira ideia de “Estranho caminho” surge em abril de 2020, logo que a pandemia estourou e entramos no primeiro lockdown. Meu pai tinha falecido havia pouco tempo e eu senti que precisava fazer um filme pra ele, pra pensar a nossa relação. Acho que a proximidade com a morte e a falta de perspectiva de futuro que a pandemia instaurou nas nossas vidas agitou algumas águas profundas. Durante os meses seguintes eu mergulhei na escrita do roteiro, tentando entender ao mesmo tempo o que estava acontecendo com o mundo lá fora e dentro de mim. Naquele momento eu nunca imaginava que apenas três anos depois eu já estaria respondendo perguntas sobre o filme.

 

Como está vendo a seleção para o prestigiado Festival de Tribeca?

Eu recebo como uma recompensa pelo tanto de trabalho e energia que a gente colocou no filme nesses últimos três anos, além de uma oportunidade muito especial de levar o cinema cearense cada vez mais longe e para um público cada vez mais amplo. Estamos há anos construindo uma cena de cinema forte no Ceará e esse tipo de destaque é muito importante. Espero ter a oportunidade de convidar o De Niro pra tomar uma água de coco na Praia de Iracema.

Seu cinema se caracteriza pela experimentação da linguagem e as possibilidades de fabulação em diversos gêneros. É difícil manter essa sintonia?

Eu gosto de misturar as coisas, o cinema narrativo com o experimental, o realismo com a fantasia, o humor com o espanto. A cada filme gosto de poder trabalhar com elementos diferentes, como um alquimista, testando combinações diferentes e possibilidades. Criar sem experimentar é reproduzir. A experimentação está no cerne da criação e é onde podemos assumir os riscos mais interessantes. Sem medo de errar. Ou buscando errar cada vez melhor.

 

Tem algum novo projeto em mente?

Eu estou agora trabalhando em três novos projetos de longas. "O futuro a Deus pertence", que é um filme que deve ser rodado em breve; "Futuro", um roteiro de ficção científica que derivou do anterior, mas bem maior, que ainda precisa ser financiado; e "Um toque de beleza", uma comédia familiar de ficção científica que se passa em Fortaleza nos anos 90, ainda também por ser financiado.

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