CINEMA

Sundance anuncia vencedores

O Brasil ganhou um Prêmio Especial do Júri para o Elenco, com o curta-metragem "Uma Paciência Selvagem me Trouxe Até Aqui", de Érica Sarmet; "The Territory" (Brasil/Dinamarca/EUA), de Alex Pritz, sobre a Amazônia, ganhou o Prêmio de Audiência da mostra Documentário Mundial e um Prêmio Especial do Júri

Por MYRNA SILVEIRA BRANDÃO
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Publicado em 29/01/2022 às 11:02

Alterado em 29/01/2022 às 11:07

Uma Paciência Selvagem me Trouxe até Aqui - Zélia Duncan, Bruna Linzmeyer, Camila Rocha, Clarissa Ribeiro and Lorre Motta Sundance Institute/divulgação

O Festival de Sundance, que neste ano foi realizado no formato on-line, divulgou na noite dessa sexta feira (28) os premiados de sua edição 2022. Em uma cerimônia virtual, via Twitter, sem apresentador especial e apenas com declarações e vídeos, foram anunciados os vencedores deste ano.

Antes do anúncio, Tabitha Jackson, diretora do festival, destacou a forte convergência da equipe. “Através do trabalho, nós estivemos presentes e juntos como uma comunidade”, disse.

 

PREMIADOS

Na Competição Dramática Americana, a principal do festival, o Prêmio do Júri foi para “Nanny”, de Nikyatu Jusu, sobre uma babá imigrante que trabalha para um casal em Nova York e é confrontada com uma estranha realidade. Muito emocionada com a conquista do prêmio, a diretora agradeceu a todos que apoiaram o projeto.

O de Audiência foi para “Cha Cha Real Smooth”, de Cooper Raiff, estrelado por Dakota Johnson e o próprio diretor.

 

Macaque in the trees
Nanny - Still do filme (Foto: Sundance Institute/divulgação)

 

Na Competição de Documentários Americana, o Prêmio do Júri foi para “The Exiles”, de Ben Klein e Violet Columbus, sobre o massacre de 1989, na Praça da Paz Celestial (Tiananmen), trazendo depoimentos de várias testemunhas.

O de Audiência foi para Navalny, de Daniel Roher, sobre o líder da oposição russa Alexei Navalny. O filme foi também o favorito do festival (selecionado pelo público entre todas as mostras).

Na Mostra Cinema Mundial – na qual concorria o brasileiro “Marte Um”, de Gabriel Martins – o vencedor foi “Utama” (Bolívia/Uruguai/França), de Alejandro Loayza Grisi, sobre um casal de idosos decidindo se deve abandonar sua casa com risco climático.

O de Audiência foi para “Girl Picture”, de Alli Haapasalo, um retrato contemporâneo da adolescência através de três meninas na Finlândia.

Na Documentário Mundial, o prêmio do júri foi conquistado por “All That Breathes” (Índia / EUA / Reino Unido), de Shaunak Sen.

O de Audiência na mesma mostra foi para “The Territory” (Brasil/Dinamarca/EUA), de Alex Pritz, que ganhou também um Prêmio Especial do Júri.

O Grande Prêmio do Júri para Curtas-metragens foi conquistado por “The Headhunter’s Daughter”, de Don Josephus Raphel Ebladan.

O Brasil ganhou o Prêmio Especial do Júri para o Elenco, com o curta-metragem “Uma Paciência Selvagem me Trouxe Até Aqui”, de Érica Sarmet. A diretora compartilhou a alegria de ter conquistado o prêmio com o elenco do filme (Zélia Duncan, Bruna Linzmeyer, Camila Rocha, Clarissa Ribeiro e Lorre Mota).

 

Show de adaptação

O festival precisou utilizar um grande aparato tecnológico para ser totalmente on-line e superar vários obstáculos para ir ao ar, o que fez com competência e criatividade.

Embora as circunstâncias, os organizadores realizaram um festival do cinema independente, na melhor acepção da palavra. Dos 82 longas-metragens selecionados, 32 foram dirigidos por estreantes.

Além de uma poderosa temática, houve muitos pontos altos: entre outros, a feliz ideia de relacionar os eventos com locais familiares de Park City, onde o festival acontece desde 1985. Isso possibilitou a aproximação do público com a cidade e alguns dos seus principais points, entre eles a Main Street, sua principal rua, que mereceu um convite especial do Festival para visitá-la, ainda que virtualmente.

“Visite a Main Street e experimente conversas emocionantes, eventos e outras surpresas conosco. Somos gratos aos patrocinadores do festival e ao estado anfitrião Utah, por ajudar a trazer a magia da Main Street para o público em qualquer lugar do mundo”, diz o texto.

A edição on-line atingiu assim um número muito maior de espectadores e representantes da área cinematográfica independente.

Por tudo isso, permanece a pergunta: se finda a pandemia, o festival vai continuar acontecendo apenas em Park City. As exibições on-line e muitas fora do Estado de Utah na edição 2021 e nesta de 2022 deixaram em aberto inúmeras possibilidades para as próximas. Mas a questão é como ter certeza se a energia do festival de montanha pode ser conseguida apenas no formato digital. E também aguardar quando o mundo vencerá a pandemia e como tudo ficará daqui por diante.

 

PRINCIPAIS PRÊMIOS

Competição Dramática Americana
Grande Prêmio do Júri: “Nanny”
Audiência: “Cha Cha Real Smooth”
Direção: Jamie Dack, por “Palm Trees and Power Lines”
Roteiro: K. D. Dávila, por “Emergency”


Competição de Documentários Americana
Grande Prêmio do Júri: “The Exiles”
Audiência: “Navalny”
Direção: Reid Davenport, por “I Didn’t See You There”


Cinema Mundial
Grande Prêmio do Júri: “Utama”
Audiência: “Girl Picture”
Direção: Maryna Er Gorbach, por “Klondike”


Documentário Mundial
Grande Prêmio do Júri: “All That Breathes”
Audiência: “The Territory”
Direção: “A House Made of Splinters”
Prêmio Especial do Júri: “The Territory”

 

Curta Metragem
Grande Prêmio do Júri: The Headhunter’s Daughter, de Don Josephus Raphel Ebladan
Prêmio Especial do Júri para o Elenco: “Uma Paciência Selvagem me Trouxe Até Aqui”, de Érica Sarmet

 

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