CINEMA

Crítica - ‘O telefone preto’: terror eficaz e aflitivo

Cotação: quatro estrelas

Por TOM LEÃO
nacovadoleao.blogspot.com.br

Publicado em 21/07/2022 às 08:47

Alterado em 21/07/2022 às 08:49

Ethan Hawke (sempre de máscara) faz um maníaco que sequestra garotos, no assustador 'O telefone preto', terror eficaz com toques sobrenaturais divulgação

Assim como aconteceu com ‘Top Gun: Maverick’, que se tornou o maior sucesso dos últimos anos nos cinemas, por não estar ligado a nenhuma agenda atual -- é um filme anacrônico, mas extremamente dedicado às plateias --, um pequeno filme de terror recente parece estar indo por este caminho, com boa bilheteria, adequada a seu orçamento: ‘O telefone preto’, que já passou dos $100 milhões de dólares (no faturamento mundial, em poucas semanas), tendo custado uma fração disso.

É um filme de terror, com toques sobrenaturais, mas sem apelar para nada das ‘lacrações’ atuais. Passado no fim dos anos 1970, mostra um típico subúrbio americano (em Denver, no Colorado), onde crianças estão sumindo (só garotos, nunca meninas), sem explicação. Um destes meninos, Finney (Mason Thames), de apenas 13 anos, é a mais recente vítima do misterioso camarada mascarado, conhecido como The Grabber (Ethan Hawke, num raro papel nesse tipo de filme, atuando mascarado). Após um tempo no cativeiro, Finney começa a receber ligações de um antigo telefone preto que está no quarto, mas que não funciona, não tem linha. Contudo, Finney recebe ligações de outros meninos sequestrados previamente, que lhe passarão importantes dicas de sobrevivência.

Mas, antes, o filme constrói um belo e acurado painel sobre o lugar e as crianças, o clima da época e tudo em volta. Como a ligação entre Finney e sua irmãzinha, Gwen (a cativante Madeleine McGraw), o pai bêbado e abusador destes (Jeremy Davies), e a violência/bulliyng que há na escola, criando uma base para o que virá. Depois, em uma hora, nos leva nessa jornada sombria (não é todo dia que vemos filmes com crianças maltratadas) que nos deixa em estado de aflição.

No fim das contas, ‘The black phone’ (título original), de Scott Derrickson (que já fez outros filmes de terror eficazes, como ‘O exorcismo de Emily Rose’ e ‘Livrai-nos do mal’), baseado em livro de Joe Hill -- que é ninguém menos do que o filho do mestre do terror, Stephen King -- parece genuinamente com um filme dos anos 70, interessado apenas em nos entreter e meter medo, sem precisar jogar agendas atuais forçadas na nossa cara. O subtexto está todo lá. Afinal, os tempos eram outros. E os medos também. E neste quesito cumpre bem o seu papel.

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COTAÇÕES: ***** excelente / **** muito bom / *** bom / ** regular / * ruim / bola preta: péssimo.

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