CINEMA

‘Incompatível com a vida’, de Eliza Capai, ganha a competição brasileira do É Tudo Verdade

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Por MYRNA SILVEIRA BRANDÃO
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Publicado em 24/04/2023 às 15:46

Eliza Capai, diretora de 'Incompatível com a vida', melhor documentário da competição brasileira de longas-metragens Foto: João Pina

O Festival Internacional de Documentários, principal evento brasileiro destinado ao cinema não ficcional, anunciou os premiados de sua 28ª edição.

Na competição brasileira de longas e médias-metragens, o vencedor foi “Incompatível com a vida”, de Eliza Capai. A partir de gravidez da diretora, o filme reflete temas universais: vida, morte, luto e políticas públicas que nos afetam.

Segundo o júri, o filme mereceu o prêmio “pela coragem de mergulhar de maneira pessoal e poética em um tema delicado e urgente, trazendo à luz a realidade de muitas mulheres e a urgência da discussão sobre direitos reprodutivos no Brasil”.

Na competição internacional, o vencedor foi “Confiança total”, de Jialing Zhang. O filme (Total Trust, Alemanha, Holanda, China) explora as mudanças de comportamentos sociais causadas por uma sociedade que tudo vê e a luta das pessoas contra o abuso do poder estatal.

 

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'Confiança total', melhor documentário da competição internacional de longas-metragens (Foto: É Tudo Verdade)

 

Na justificativa, os jurados atestaram que “através de uma poderosa narrativa observacional, o filme nos leva a um sistema sufocante de controle, onde tecnologia e ideologia constroem um mundo perfeito, no qual segurança e ordem estão acima da vida humana. Apresenta cenas de um valor documental dramático único, mas sem jamais perder o respeito por seus protagonistas e preservando sua dignidade humana diante da câmera”.

O melhor curta-metragem brasileiro foi “Mãri Hi – A árvore do sonho”, de Morzaniel Iramari. “Por nos proporcionar um olhar imersivo e poético no imaginário do povo yanomami e sua relação com a natureza”, justificou o júri.

“Ptitsa”, de Alina Maksimenko (Ucrânia, Polônia), foi escolhido como o melhor curta-metragem internacional. O filme é um retrato íntimo de uma separação entre mãe e filha, explorado de diferentes perspectivas. Segundo o júri oficial, o curta-metragem mereceu o prêmio “pela sensibilidade cinematográfica na construção da história. Por transformar um retrato da vida mãe-e-filha durante a pandemia em uma reflexão profunda sobre a existência humana. E por capturar a beleza da simplicidade em sua estreia no cinema”.

 

Prêmios paralelos

Na cerimônia também foram anunciados os seguintes troféus:

Prêmio Canal Brasil de Curtas para “Vãnh gô tô Laklaño”, de Bárbara Pettres, Flávia Person e Walderes Coctá Priprá.

Prêmio Mistika – melhor documentário da competição brasileira de curtas-metragens para “Mãri Hi – A árvore do sonho”, de Morzaniel Iramari.

Prêmios EDT (Associação de Profissionais de Edição Audiovisual) de melhor montagem (curta e longa-metragem) concedidos, respectivamente, para “Todavia sinto”, montado por Evelyn Santos, e para “Incompatível com a vida”, com montagem de Daniel Grinspum.

 


Festival exibiu títulos presencialmente e em streaming

Fundado e dirigido por Amir Labaki, o evento exibiu, de 13 a 23 de abril, de forma gratuita, um total de 72 títulos de 34 países, em salas de cinema de São Paulo e do Rio de Janeiro, além de uma programação especial em plataformas.

O festival também qualifica automaticamente as produções nacionais e internacionais vencedoras para entrar na corrida pelo Oscar do próximo ano nas respectivas categorias.

A 29ª edição do festival acontecerá entre 4 e 14 de abril de 2024.