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Em 'Éramos Seis', guerra trará impacto com mortes e mudanças na trajetória dos personagens

"Como ser feliz depois de uma tragédia dessas?". É o que Lola (Gloria Pires) se pergunta em "Éramos Seis" (Globo) após a morte do seu primogênito Carlos (Danilo Mesquita), atingido por uma bala durante uma manifestação em São Paulo. 

A vida da matriarca da família Lemos não será fácil nos próximos capítulos do folhetim de Ângela Chaves. Além da morte de Carlos, a partir do dia 13, a insatisfação política que já tomava conta da capital paulista eclode em uma guerra contra o governo federal e todos os personagens da trama das seis vão, de certa forma, ser afetados por ela. 

Considerado o filho problema, Alfredo (Nicolas Prattes) diz para a mãe que vai lutar em memória de Carlos. Tião (Izak Dahora) e Lúcio (Jhona Burjack) são outros que seguem para o front. A própria Lola, Adelaide (Joana de Verona), Inês (Carol Macedo) e Zeca (Eduardo Sterblitch) vão também ter atuação importante no conflito. 

Adelaide, por exemplo, vai trabalhar como repórter, noticiando o que acontece durante as batalhas. Já Inês, que é enfermeira, prestará auxílio aos feridos. Zeca e Lola vão colaborar ao pedir doações e recolhendo mantimentos. 

"Zeca terá episódios de guerra, que são bastante emocionantes e bonitos, mas ele não atua no front. Terá cenas dele na praça, organizando as doações para levar ao front. E com esse vai e vem, ele terá um episódio de confronto com o inimigo, mas acaba que é um embate muito pela ótica e pegada do próprio Zeca, mais lúdico e humano", conta Carlos Araújo, diretor artístico de "Éramos Seis". 

O conflito é baseado em um momento histórico real, a Revolução Constitucionalista de 1932, quando os paulistas insatisfeitos com o governo provisório de Getúlio Vargas, que assumiu o poder em 1930, entram em guerra contra o governo federal. "São Paulo se sente desprestigiado com o fim da política café com leite, com a nomeação de gente de fora para governar o estado." 

Mas a autora Ângela Chaves faz questão de ressaltar que o fato histórico é inspiração, um pano de fundo. "A guerra na novela é obra de ficção. Nos importa o conflito como fator de transformação de nossos personagens." 

Para ela, mostrar isso na televisão é importante para refletir sobre a inutilidade de qualquer guerra como solução de problemas. "Morrem pessoas, morrem jovens. E os conflitos, as desigualdades permanecem. Porque toda guerra atende a interesses econômicos, por mais idealistas que sejam seus soldados."

A Revolução de 1932, diz Chaves, é uma luta de poder, embora os jovens da novela se engajem porque querem uma nova constituição mais democrática e novas eleições diretas -pedidos estes que também faziam parte das demandas dos que de fato lutaram em 1932.  "Ou seja, nossos jovens se engajam por idealismo e porque percebem a vocação autoritária do governo", diz a autora. 

O diretor Carlos Araújo complementa que a guerra é um momento de bastante impacto na história, e que deverá resultar na morte de outros personagens -caso de Tião, que será atingido para salvar Alfredo de uma situação de perigo. Muitas das cenas do conflito foram gravadas no estado de São Paulo, na cidade de Campinas e em Paranapiacaba, vila histórica de Santo André (ABC).

Apesar de retratar essa tensão, Araújo reforça que "Éramos Seis" não vai perder o tom delicado e sensível que a caracterizou desde a estreia. "Não estamos fazendo filme de guerra, e sim como o conflito afeta os personagens. O público vai ver afeto, amizade, solidariedade, a dor da perda, da saudade", afirma o diretor. 

Retomando a pergunta de Lola, "como ser feliz depois de uma tragédia?", a autora Angela Chaves responde: "É o que todos se perguntam! E, no entanto, cada um de seu jeito, encontra uma forma de ir em frente, porque é assim que tem que ser." (Karina Matias/FolhaPressSNG)

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