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Entregas com drones começam a ganhar destaque pelo mundo

Desde 2013, quando Jeff Bezos anunciou que em cinco anos a Amazon usaria drones para entregar mercadorias, esta forma de delivery povoa o imaginário de muitas pessoas. Afinal, seria incrível fazer uma compra online e recebê-la em casa em 30 minutos ou menos. Porém, o prazo expirou ano passado e, tirando algumas demonstrações, a empresa não cumpriu o prometido. No entanto, aos poucos o uso de drones para este fim tem superado barreiras – como limitações da tecnologia, altos custos e, principalmente, o ambiente regulatório – e começa a ganhar adeptos em alguns países do mundo.

Na China, a JD, uma das maiores varejistas locais, faz entregas com os dispositivos em áreas afastadas e expandiu o serviço para Indonésia em 2019. A companhia, inclusive, tem um programa para formar pilotos especializados. Esta semana nos EUA, a Wing, subsidiária da Alphabet, ganhou autorização e, nos próximos meses, começará a operar oficialmente em duas cidades rurais do estado de Virginia, Blacksburg e Christiansburg, onde atenderá comércios locais. O motivo da escolha destas localidades é que os EUA ainda não permitem que a maioria dos voos aconteça sobre áreas urbanas e populosas, por questões de segurança. Os clientes utilizarão um aplicativo da empresa para realizar os pedidos. Na Austrália, após 18 meses de testes, a Wing iniciou também este mês um serviço semelhante, na região de North Canberra, e pretende fazer o mesmo em Helsinki, capital da Finlândia, ainda este ano.

A AHA, um dos maiores e-commerces da Islândia, começou a entregar com drones em 2018 na capital do país, Reykjavik. O cliente escolhe o que deseja no app da AHA e em minutos a mercadoria chega em um local pré-determinado. Os equipamentos podem carregar 3 kg e voar por até 8 km, o que permite cobrir boa parte da região central da cidade. O serviço custa US$7 e, segundo a empresa, diminui o tempo de entrega de 25 minutos para apenas quatro, se comparado ao transporte terrestre. Com promessas de entregas bem rápidas, é claro que empresas de delivery de comida não ficariam de fora. Ano passado, o The Wall Street Journal publicou que o Uber pretende ter a opção de drones no Uber Eats até 2021. Postmates e Doordash, duas startups bilionárias concorrentes, também já manifestaram interesse na tecnologia.

Porém, para convencer agências reguladoras a liberar entregas aéreas, é muito mais fácil apostar em mercadorias médicas do que em hambúrgueres e batatas fritas, é claro. A UPS, por exemplo, uma das maiores em logística no mundo, se juntou à Matternet, uma startup californiana que desenvolve drones autônomos, e começou em março um serviço de transporte de amostras de sangue e tecidos entre hospitais na cidade de Raleigh, Carolina do Norte. A empresa afirma que entregas desta maneira conseguem diminuir o tempo de transporte das amostras de meia hora para apenas três minutos em relação ao transporte na superfície.

Também na Carolina do Norte, a americana Zipline, a partir de junho, transportará bolsas de sangue e produtos hospitalares entre centros médicos. A startup é, talvez, a mais experiente no assunto, já que, desde 2016, fechou uma parceria com o governo de Ruanda, na África, para realizar o mesmo serviço, abastecendo hospitais em zonas isoladas do país. Hoje, a Zipline já controla 30% de toda a demanda por sangue em transfusões de emergência por lá. O sucesso é tamanho (várias vidas foram salvas pela rapidez da entrega), que a empresa vai abrir um segundo centro de distribuição e já tem acordos fechados com os governos de Gana e Tanzânia. Vale destacar também que Ruanda, por conta desta experiência, tornou-se a nação com a regulação mais avançada para este tipo de serviço, algo incomum para um país sem tradição tecnológica.

No Brasil, a SMX Systems fechou uma parceria com a Prefeitura de Rifaina, no interior de São Paulo, e, em 2018, realizou a primeira entrega regulamentada via drone do país. Moradores de áreas afastadas receberam medicamentos e o tempo de transporte caiu de cerca de 20 minutos para menos de dois minutos. Com a utilidade e o poder de salvar vidas comprovados, exemplos como estes serão cada vez mais comuns pelo mundo.

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