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Mariana Camargo -
Philip Glass
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O mítico personagem Orfeu, que viveu em 4.000 a.C., teria sido o mais talentoso de todos os músicos. Quando tocava sua lira, os pássaros paravam para escutar, os animais mais selvagens ficavam encantados e inebriados...Orfeu casou-se com a bela Eurídice, que ao ser assediada pelo pastor Aristeu, fugiu e tropeçou numa serpente, morrendo pelo efeito da picada, ainda jovem. Desesperado, o músico vai ao mundo dos mortos buscar sua amada. Vagando por sombrios caminhos, Orfeu chega diante de Hades, o deus do mundo subterrâneo. Lá encanta a todos com seu canto perfeito, sua música comove os soberanos das trevas, que lhe concedem o desejo de trazer Eurídice novamente à vida, porém com a condição de que Orfeu não olhe sua amada até que tenham saído completamente dos domínios da escuridão. Orfeu não resiste e olha a amada antes de chegarem à luz do Sol, e assim Eurídice morre pela segunda vez.

O amor e a tragédia de Orfeu e Eurídice atravessaram séculos inspirando artistas, como em “O mito de Orfeu”, de Chagall, e o filme “Orfeu Negro”, de Marcel Camus, por sua vez, baseado na peça teatral “Orfeu da Conceição” de Vinícius de Moraes. Em 1950, Jean Cocteau fez o filme “Orphée”, situado numa Paris contemporânea que serviu de base para o libreto da ópera de Philip Glass (1991).

Macaque in the trees
O mito de Orfeu. Óleo sobre tela (1977) (Foto: Reprodução)

“Orphée” de Glass estreia neste dia 25 no Theatro Municipal, sendo a décima primeira ópera do compositor e faz parte da trilogia baseada nos filmes de Cocteau que inclui “La Belle et la Bête” e “Les Enfants Terribles”. A ópera, em dois atos com 18 cenas, é fiel à rotina e textura de Glass com uma harmonia tonal que se desenvolve lentamente, servindo de suporte para expressivas e tocantes melodias, com uma música que se encaixa de forma poética e dramática no texto em francês.

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Philip Glass (Foto: Mariana Camargo)

A ópera, que estreou em 1993, tem sua “première” na América Latina esta semana com direção-geral de Felipe Hirsch, direção de arte de Daniela Thomas e Felipe Tassara, e iluminação de Beto Bruel. O barítono Leonardo Neiva interpretará o papel-título, acompanhado de grande elenco, solistas e da Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal. A direção musical e regência são de Priscila Bomfim. Para os que são amantes de ópera e de Glass será um programa imperdível.

NOTAS e ACORDES

Schubert e Mozart. Músicos da orquestra Johann Sebastian Rio: Luísa de Castro (violino), Marco Catto (viola), Marcus Ribeiro de Oliveira (violoncelo) e Rodrigo Favaro (contrabaixo), mais o pianista Aleyson Scopel apresentam peças para piano e cordas: o quinteto “A Truta”, de Schubert e o “Quarteto em sol menor K.478”, de Mozart. Quinta-feira às 19h, no Teatro Dulcina.

Reprodução - O mito de Orfeu. Óleo sobre tela (1977)
Mariana Camargo - Philip Glass