O Outro Lado da Moeda

Por Gilberto Menezes Côrtes

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O OUTRO LADO DA MOEDA

Todos à espera dos juros do Fed

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Publicado em 27/07/2022 às 12:39

Alterado em 27/07/2022 às 12:39

Gilberto Menezes Côrtes JB

Os resultados do 2º trimestre e as perspectivas favoráveis das grandes empresas de tecnologia animam os investidores, o que impacta positivamente nos principais ativos de risco nesta 4ª feira, quando as atenções estão voltadas para a reunião do Federal Open Market Committee (FOMC), o colegiado de 12 membros que decide a política monetária do Federal Reserve Bank dos Estados Unidos.

Pela primeira vez em dois anos as reuniões do Fed e do Comitê de Política Monetária do Banco Central (que se reúne dia 2 e 3 de agosto) não serão coincidentes, o que pode ter reflexos no mercado financeiro brasileiro se o , FOMC decidir por um aumento de juros dos “fed funds” acima dos 0,75 pontos percentuais previstos, o que elevaria taxa mínima dos EUA para 2,50% ao ano.

O anúncio deverá ser feito às 15 horas, com o comunicado sendo seguido por discurso do presidente do Fed, Jerome Powell. Como o Banco Central Europeu surpreendeu na semana passada, elevando em 0,50 pontos percentuais a taxa básica de juros na zona do euro (esperava-se 0,25), aguarda-se qual será a sinalização dos próximos passos no que diz respeito ao ritmo de ajuste e ao tamanho do ciclo.

Havia o temor, que vai se dissipando, de que o Fed pudesse elevar os juros em 1 ponto percentual. No Brasil, temia-se pelo pior, já que o Copom só poderia ajustar o diferencial de juros entre o Brasil e os EUA na semana que vem, mas a queda de 0,72% no dólar, cotado a R$ 5,31 e a alta de 0,33% no Ibovespa, que se sustenta acima dos 100 mil pontos, indicam o alívio dos mercados. Entretanto, se Jerome Powell mantiver o discurso “hawkish”, pode derrubar os preços dos ativos de risco.

Canetadas não frearam a inflação

O IPCA-15 de julho teve alta de 0,13% (depois de 0,69% em junho), acumulando 11,39% em 12 meses (12,04% em junho)., graças ao pacote de redução de impostos de energia elétrica, telecomunicações e combustíveis. Mas as pressões inflacionárias continuam fortes em Alimentação e Bebidas e em vários outros setores, sobretudo na área de serviços. Depois de 10 meses na casa dos dois dígitos, o IPCA-15 de julho mostrou a inflação alta e disseminada, com índice de difusão próximo de 67,8% (68,9% em junho).

O grupo de transportes teve deflação de 1,08%, contra alta de 0,84% em junho, devido à forte deflação em combustíveis (-4,9%), com queda de 8,2% em etanol e de 5,0% em gasolina. A diminuição de tributos também gerou em energia elétrica (-4,6%) e gás de botijão (-0,5%), explicando o resultado mais fraco do grupo de habitação (-0,78% em junho contra 0,66% em junho).

Alimentos e bebidas aceleraram no mês, subindo 1,16% em julho (0,25% em junho), com alta de 1,12% na Alimentação no domicílio (0,08% em junho), puxados pela alta de 11,4% em leite e derivados (2,7% em junho), com aumento de 22,3% no leite longa vida (3,5% em maio). Houve nova deflação em tubérculos, raízes e legumes (-14,2%), com quedas na batata-inglesa (-12,2%), no tomate (-19,4%) e na cenoura (-19,2%).

Com o pacote de bondades eleitorais, a inflação nos preços administrados (que representam 26% da inflação) passou de 0,86% para -1,50% e a taxa acumulada em 12 meses desse grupo recuou para 9,5% (de 12,2%). Mas os preços livres (que representavam 74% do IPCA-15, com os serviços respondendo por 36% do IPCA-15, os preços industriais, por 23% e a Alimentação por 15%) subiram 0,72% no mês (0,63 em junho), com a taxa em 12 meses chegando a 12,1% (12,0% em junho).



Macaque in the trees
. (Foto: Itaú)


 

Macaque in the trees
. (Foto: Itaú)

Macaque in the trees
. (Foto: Itaú)

Inflação de 8% nas eleições?

Após alertar que “as projeções de curto prazo contam com elevada incerteza”, o Departamento de Estudos Econômicos do Itaú está projetando queda de 0,67% no IPCA de julho. Como a taxa subiu 0,97% em julho de 2021, a taxa em 12 meses cairia para 10,08%. Para agosto, o Itaú prevê nova queda de 0,25% (+0,87% em agosto de 2021), o que faria a taxa em 12 meses descer a 8,88%. Para 2022, o Itaú prevê IPCA de 7,2% e a LCA Consultores estima 7,8%.

Esses dois índices seriam conhecidos antes do 1º turno, em 2 de outubro. Já para setembro (o índice será divulgado em 11 de outubro), o Itaú está esperando alta de 0,49% (+1,16% em setembro de 2021), fazendo a inflação em 12 meses baixar para 8,14%. No último trimestre de 2021 os preços subiram muito, o que ajudará à queda da taxa em 12 meses este ano.

As projeções incorporam zeragem das alíquotas de PIS/Cofins e CIDE para gasolina e etanol e diminuição das alíquotas de ICMS para energia (repasse de 100%), combustíveis (repasse de 90%) e telecomunicação (repasse de 40%) e retirada de TUST/TUSD da base de cálculo do ICMS (com incerteza sobre formalização dos estados).

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