O Outro Lado da Moeda

Por Gilberto Menezes Côrtes

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O OUTRO LADO DA MOEDA

Economia será o cabo eleitoral nº 1

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Publicado em 04/08/2022 às 18:39

Alterado em 04/08/2022 às 18:39

Gilberto Menezes Côrtes JB

A última pesquisa eleitoral realizada pelo PoderData em pool com a TV Cultura, divulgada hoje, após ouvir 3.500 pessoas entre os dias 31 de julho e 2 de agosto em 322 municípios do país, confirmou as linhas da pesquisa divulgada na véspera pela Quaest/Genial Investimentos. O ex-presidente Lula segue na liderança, mas o presidente Bolsonaro vem reduzindo a diferença e pode impedir a vitória no 1º turno. Sobretudo com a possibilidade de parte dos eleitores mudarem de opinião quando o novo Auxílio Brasil e o pacote de bondades de R$ 41,2 bilhões (válido até 31 de dezembro) começarem a ser pagos a milhões de pessoas, a partir de 9 de agosto.

Na Pesquisa do PoderData, Lula manteve os 43% de intenções de voto na pesquisa de 17 a 19 de julho, enquanto Bolsonaro recuava de 37% para 35%, Na soma dos votos válidos, com Ciro em 3º, com 7 pontos e Simone Tebet crescendo para 4 pontos (André Janones tinha 2%, Eymael, 1% e D’Ávila, 1%), Lula não venceria no 1º turno. Mas na Pesquisa estimulada da Quaest/Genial, feita entre os dias 28 e 31 de julho, Lula tinha 44% contra 32% de Bolsonaro, vencendo no 1º turno.

A decomposição das pesquisas por regiões indica que a decisão será nas duas regiões que concentram os maiores colégios eleitorais do Brasil: o Sudeste, que concentra 42,9% dos eleitores, e o Nordeste, que concentra 26,9%. A grosso modo, as duas regiões concentram 70% dos eleitores. Os três estados do Sul, vêm em 3º, com 14,8% dos votos, a região Norte tem 8% dos eleitores e o Centro-Oeste, 7,4%. E a maior parte da população do país está concentrada das faixas de renda que ganham até dois salários mínimos.

 

A disputa no SE e NE

Nos dois recortes, até aqui, Lula está liderando na pesquisa Quaest/Genial estimulada, com 61% a 20% no Nordeste. Houve empate técnico de 37% no Sudeste, mas no Sul Lula ganhava de 41% a 32% e no Centro Oeste, com 40% a 35%. No Norte a vitória de Lula era de 40% a 37%, quase empate técnico. Na faixa de renda até 2 SM Lula tinha 52% a 25% (em maio, Lula tinha 55% contra 20% de Bolsonaro); na faixa de 2 a 5 SM, Lula liderava por 42% a 33% (em maio Lula tinha 44% a 31%), mas perdia entre os eleitores com renda superior a 5 SM, onde Bolsonaro tinha 45% das menções contra 32% de Lula (o placar era de 40% a 36% para Bolsonaro em maio, os dois empataram em 37% em junho e Bolsonaro avançou desde então, com queda de Lula).

Na Pesquisa do PoderData, Bolsonaro teria passado à frente de Lula no Sul, , com 40% a 39%, no Centro-Oeste (46% a 29%) e no Norte (43% a 36%). Entretanto, no Nordeste, que tem cerca de 27% do eleitorado, Lula vence por 48% a 27% e no Sudeste, a vantagem de Lula era de 44% a 35%.

As mulheres, que representam 53% aproximadamente do eleitorado e do universo da pesquisa, garantiram 44% dos votos a Lula, contra 30% a Bolsonaro. Mas no eleitorado masculino, Bolsonaro supera Lula por 41% a 40%. É nas classes de renda baixa (até dois salários mínimos, a maioria do eleitorado) que está o maior apoio a Lula: 48% a 32%. Na faixa de 2 a 5 SM há empate (35% a 35%), assim como entre os que ganham acima de 5 SM: 42% a 42%.

 

Genial vê economia pró Bolsonaro

A Genial Investimentos, que contrata as pesquisas da Quaeste, identificou que os dados “mostram uma melhora significativa da avaliação do governo e das intenções de voto no presidente Bolsonaro, se comparado aos resultados da pesquisa realizada no mês de julho”. A avaliação negativa do governo caiu de 47% para 44%, enquanto a avaliação positiva passou de 26% para 27% e a avaliação regular aumentou de 25% para 27% dos entrevistados. Uma queda de 4 pontos de porcentagem na diferença entre negativo e positivo. A melhora de percepção ocorreu de forma generalizada, em todas as regiões, níveis de renda, níveis educacionais, religião, faixa etária, etc.

Entre os eleitores que recebem Auxílio Brasil, que estão concentrados no Nordeste, a intenção de voto no ex-presidente Lula caiu 10 pontos de porcentagem (de 62% para 52%) enquanto as intenções de voto no presidente Bolsonaro aumentaram 2 p.p. (de 27% para 29%), os outros candidatos e os indecisos, aumentaram 4 p.p. cada grupo. Assim, a diferença favorável ao ex-presidente Lula caiu 12 p.p., mesmo antes de os beneficiários terem recebido o aumento do valor do benefício, o que somente ocorrerá no dia 9 de agosto.

A expectativa de ter o benefício aumentado, por si só, foi suficiente para gerar uma significativa melhora na avaliação do governo e nas intenções de voto no presidente entre os possíveis beneficiários. O aumento do número de indecisos sugere que, quando o dinheiro chegar aos beneficiários, esta diferença deverá se reduzir ainda mais, o que poderá afetar também o resultado no Nordeste.

Para a Genial, inflação e desemprego começam a perder importância como os maiores problemas para os eleitores, refletindo a queda dos preços da gasolina, da energia e das telecomunicações devido à diminuição da alíquota do ICMS e à queda do desemprego que persiste desde o início de 2021. E a gestora observa: “Parece que a economia vai jogar a favor do presidente na eleição.

 

Bolsonaro se isenta da alta dos combustíveis

Antes de forçar a Petrobras, que tanto demonizara, dar mais uma ajuda ao reduzir, a partir de amanhã, o litro do óleo diesel em 3,6% nas refinarias, a pesquisa da Quaest/Genial identificou que o fogo centrado de Bolsonaro na Petrobras e nos governadores como co-responsáveis pela alta dos combustíveis, começa a dar os resultados esperados - e que certamente serão explorados na campanha do rádio e TV, a partir do dia 16, para mostrar que ele movimentou o governo e o Congresso para baixar impostos (sobretudo o ICMS de governadores e prefeitos) e forçou a Petrobras a seguir a baixa do petróleo.

Em abril, a pesquisa apresentou uma cartela com múltiplas escolhas para que o entrevistado apontasse os principais responsáveis pela alta dos combustíveis. Causas externas (a guerra Rússia-Ucrânia) liderou com 31% das respostas, o governo Bolsonaro foi apontado como por 24%, a Petrobras foi indicada por 15% e os governadores por 12%.

Em maio, Bolsonaro dividiu com as causas externas a responsabilidade (28%), enquanto 16% culpavam a Petrobras e 13% os governadores. Em julho, quando o presidente da República disse que o lucro da Petrobras era um “estupro”, Bolsonaro continuou dividendo a maior culpa (que caiu para 25%) com as causas externas, enquanto a Petrobras foi responsabilizada por 20% e os governadores mantiveram os 13%.

Pois agora na pesquisa de agosto, as causas externas são destacadas por 34% como as maiores responsáveis, a “culpa” do governo Bolsonaro cai para 21% (a menor desde a escalada após a guerra), a Petrobras leva 18% da culpa e os governadores 12%.

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