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Qual selo deixa o vinho mais verde?

Rogerio Rebouças -
Logomarca de empresas certificadoras do vinho.
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Que o francês adora uma sigla ou uma abreviação o leitor do blog já sabe. Agora para ele entender o que um monte de logos e siglas significam numa garrafa de vinho é realmente complicado. Alguns logos são quase confidenciais. Uma sopa de selos busca identificar a preocupação e o compromisso do produtor com o meio ambiente e a qualidade do que bebe. e, principalmente, atrair o consumidor. Além do cliente não entender nada, inclusive o francês, há uma disputa entre os vinhateiros para saber quem é o mais ecológico. Qual o valor de cada logo? O tema foi levantado pela principal revista de vinhos francesa a La Revue du Vin de France, também chamada de RVF na edição deste mês.

A primeira certificação nasceu em 1928 com a Demeter, seguida de Nature et Progrès em 1963, a certificação orgânica em 1985, Biodyvin e Terra Vitis em 1998, o selo europeu orgânico em 2010, HVE, Haute Valeur Environnementale (Alto Valor Ambiental, tradução literal) em 2014,... As certificações não param de crescer. A turma adora um certificado para dizer que lava mais branco do que a concorrência, opa, digo lava mais verde.

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Logomarca de empresas certificadoras do vinho. (Foto: Rogerio Rebouças)

Mas quem entende tudo isso e qual a diferença? A batata quente dos pesticidas é banida por S.A.I.N.S., Nature et Progrès, Biodyvin, Demeter e pelos selos orgânicos francês e europeu. Mas não é proibido pelo HVE o mais alto nível de certificação público. Terra Vitis fica no meio do caminho ao não exigir que o vinho seja orgânico, mas proíbe inseticidas e herbicidas. Já na hora de se preocupar com o tratamento das águas e resíduos HVE e Terra Vitis apontam o dedo para os orgânicos e biodinâmicos que não são obrigados a efetuar esse tipo de procedimento. Terra Vitis se preocupa com tratamento de resíduos, biodiversidade, condições de trabalho, emissão de carbono e pratica a condução de forma convencional racional. Já a S.A.I.N.S. é da turma do vinho natural, não pode nada, mas também não obriga a tratar resíduos ou diminuir a emissão de carbono.

As de maior representatividade na França são a de vinhos orgânicos que hoje representam 10% dos produtores, a Terra Vitis tem 640 produtores, mas responde por 60 milhões de garrafas. Os biodinâmicos de Demeter, 387, e Biodyvin, 149 produtores, mas com um volume de produção muito menor. Alguns grandes produtores preferem Terra Vitis que se preocupa mais com o meio ambiente, mas não exige ser orgânico. Assim evita riscos de produção como no grande ataque de míldio ano passado. Os orgânicos e biodinâmicos tiveram perdas enormes e superiores aos que conduzem o vinhedo de forma convencional. Na taça apenas a pequena Biodyvin faz o teste e defende um perfil de qualidade. Santé.