INFORME JB

Por Jornal do Brasil

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Bolsonaro faz a Europa e o mundo se envergonharem do Brasil

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Por GILBERTO MENEZES CÔRTES
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Publicado em 19/07/2022 às 17:15

Alterado em 19/07/2022 às 17:17

[Bolsonaro] 'Não há nada oculto que não seja revelado' (Lucas 12:2) Foto: Antonio Lacerda/Ansa

Em 1925, após uma vitoriosa excursão do Paulistano pelo continente europeu, onde venceu seis partidas e só perdeu para o F.C. de Cette (francês), o poeta Oswald de Andrade, empolgado, escreveu: “A Europa curvou-se ante o Brasil". Quem iria imaginar, caro leitor, que depois de a Europa inteira se curvar diante da seleção brasileira, campeã mundial na Suécia, em 1958, quase um século depois, o presidente Jair Bolsonaro faria a Europa (e o resto do mundo) se envergonhar diante do Brasil, na patética apresentação aos embaixadores e representantes estrangeiros no Palácio do Planalto, em 18 de julho.

Na sua cruzada insana para tentar desmoralizar o voto eletrônico, o moderno processo eleitoral brasileiro, criado pela Justiça Eleitoral, em 1996, e copiado por pouco mais de duas dúzias de países, incluindo a maior democracia do mundo, a populosa Índia de 1.380 milhões de habitantes, o presidente da República Federativa do Brasil convocou o corpo diplomático acreditado em Brasília para uma exposição no Palácio do Planalto que visava semear dúvidas no processo eleitoral para o público doméstico, usando os representantes estrangeiros como cenário, para tentar dar credito às suas reiteradas “fake news” sobre a questão.

A importância que o mundo dá ao Brasil e à sucessão presidencial pode ser medida pelo número de embaixadores e diplomatas estrangeiros presentes (60 a 80 membros – a reunião foi secreta, sem acesso à imprensa nacional e estrangeira), e a lista dos presentes não foi divulgada pelo Palácio do Planalto (quem sabe não vai haver sigilo de 100 anos): foi o dobro do que previa o cerimônia do Itamaraty (ai de ti) e do Palácio do Planalto, que imaginam ter apenas 30 a 40 representantes de nações presentes.

E o Brasil, na figura do presidente Jair Bolsonaro pagou um vexame internacional já na largada. O painel da Presidência da República cometia um erro crasso de gramática ao grafar erradamente a palavra ”Briefing com os Embaixadores”, como “Brienfing”. O constrangimento inicial só fez aumentar à medida que o presidente da República desfiava o rosário de inverdades e fatos inverídicos sobre o processo eleitoral brasileiro.

Com o correr do tempo, diplomatas mais experientes achavam que já tinham assistido o filme antes, ou pelo menos o “trailer” do filme, recordando os tuites de Donald Trump, que, sentindo que ia ser derrotado por Joe Biden, por sua má gestão na Covid-19 e pela mobilização dos eleitores negros e hispânicos a favor dos Democratas, através da votação pelo correio (prática antiga americana) passou a acusar de fraude o processo eleitoral se ele não se sagrasse vencedor em 6 de novembro de 2020.

Bolsonaro repetiu o enredo canhestramente, com as mesmas ameaças prévias de fraudes caso não seja o vencedor. Ao fim e ao cabo da patética apresentação, na qual raros diplomatas se prestaram a aplaudir, e a maioria saiu quieta e boquiaberta como entrou e assistiu à sessão de terror, quase todos devem ter enviado informes a seus países alertando que a democracia brasileira está sob risco.

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