ASSINE
search button

Fitch eleva ratings do Banco Industrial e destaca oportunidade para setor financeiro

Outros dois bancos tiveram notas afirmadas; agência havia indicado 'ambiente litigioso' para setor

Compartilhar

A agência de classificação de risco Fitch Ratings elevou a perspectiva do Banco Industrial do Brasil (BIB) nos quesitos Probabilidade de Inadimplência do Emissor e Rating Nacional de Longo Prazo, com perspectiva estável, um dia após destacar oportunidade para o setor bancário. A classificação do BIB, publicada nesta terça-feira (28), e o destaque para oportunidade no setor foram publicados pouco mais de dez dias após a instituição indicar "ambiente litigioso" para os bancos por conta das investigações da Operação Lava Jato e do da Operação Zelotes. 

Em nota publicada nesta segunda, a agência americana destacou oportunidade para bancos brasileiros por conta da possível redução do papel do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) no financiamento de infraestrutura. Segundo a publicação, "o governo federal espera que credores privados tenham participação mais ativa neste segmento objetivo que a Fitch Ratings acredita não ser fácil de atingir". A instituição avalia ainda que "a obtenção de adequada captação de longo prazo, compatível com os longos vencimentos dos créditos a infraestrutura, será fundamental".

Nesta terça-feira, a Fitch também publicou avaliação de três bancos brasileiros. O Banco Industrial teve suas notas de Probabilidade de Inadimplência do Emissor elevadas de BB- para BB e o Rating Nacional de Longo Prazo subiu de A(bra) para A+(bra). O perfil de risco do banco é considerado "estável, com um desempenho adequado e acima da média. Os ratings também consideram a experiência e o consistente foco do BIB em pequenas e médias empresas (PMEs)". 

As outras duas instituições avaliadas nesta terça foram o Banco do Paraná e o Banco Alfa de Investimento, que também indicaram perspectiva estável. O Banco do Paraná teve suas notas de longo e curto prazos reafirmadas em "AA-(bra)" e "F1+(bra)", respectivamente, assim como o Banco Alfa. 

>> Lucros do Santander são impulsionados por novos empréstimos

No dia 17 de abril, a Fitch havia chamado a atenção para um "Ambiente Litigioso Intensificado" no setor bancário brasileiro, por conta de "novas investigações sobre corrupção". A financeira destacou que a curto prazo, "as novas investigações aumentam a incerteza sobre as consequências do caso Lava-Jato" e "uma grande investigação de corrupção ligada a crimes de evasão fiscal e propinas pagas ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf)", que resultou na Operação Zelotes. 

No relatório a agência também fez referência à Lei Anticorrupção (lei 12.846/2013), que impões maior agressividade a ações de execução, resultando em uma governança corporativa mais forte para bancos e empresas, pois aumenta penalidades e a responsabilização de executivos envolvidos em esquemas de corrupção. 

BNDES deve reduzir participação em financiamentos

Declarações do governo brasileiro e da presidência do BNDES apontam o desejo de redução do papel do BNDES como principal fonte de financiamento para investimentos e projetos em infraestrutura no país. Na visão da Fitch, a decisão abre oportunidades para os bancos privados. 

A menor presença do banco de desenvolvimento nesta área se deve, principalmente, à diminuição dos subsídios concedidos pelo governo brasileiro como parte dos ajustes fiscais. Os empréstimos do Tesouro Nacional ao BNDES, a taxas abaixo das do mercado, foram um dos responsáveis pelo aumento da dívida pública nos últimos anos. As medidas de ajuste do governo incluem redução das transferências para o banco e o aumento dos juros sobre esses empréstimos, que são indexados pela taxa de juros de longo prazo (TJLP). A maior parte dos empréstimos concedidos pelo BNDES também está atrelada a este índice.

O governo afirmou que o Tesouro não concederá novos créditos ao BNDES em 2015. A Fitch acredita que os desembolsos e a taxa de crescimento dos créditos se reduzirão em paralelo ao declínio da captação junto ao Tesouro, que representava 61% de sua captação em 2014. Naquele ano, o banco recebeu BRL60 bilhões do Tesouro, ante BRL41 bilhões em 2013. Sua carteira de crédito cresceu 15% em 2014 e em 2013, enquanto os desembolsos permaneceram praticamente estáveis em BRL188 bilhões em 2014.

Setor bancário tem alta na bolsa

As ações dos principais bancos que fazem parte do Índice Bovespa seguem em alta nesta terça-feira. Destaque para o Banco Santander, que acumula ganhos de mais de 4% após divulgar balanço que aponta lucro de R$ 1,6 bilhão, valor 15% maior do que o mesmo período do ano passado. Os papéis do Banco do Brasil viraram para leve alta no fim desta tarde enquanto os ganhos do Bradesco giram em torno de 1%.