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Sem a tradicional decoração nas ruas, cariocas criticam Mundial

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A 30 dias do início da Copa do Mundo de 2014, as ruas do Rio de Janeiro, tradicionalmente ornamentadas para a festa, estão vazias. Moradores e comerciantes não se mobilizaram para decorá-las com bandeiras, pinturas e fitas verdes e amarelas. O brasileiro não está fazendo greve contra o futebol, mas a elite do mundo do futebol é que barrou o povo da festa. A Copa do Mundo virou um evento para privilegiados. Não é mais uma festa do povo, e muito menos para o povo. É para uma elite que nada tem a ver com as origens do futebol.

Em Copacabana, a festa estará a encargo da Fifa. No tradicional bairro da Zona Sul, acontecerá a Fifa Fan Fest, como na última Copa do Mundo. No site da entidade o evento é descrito como “uma ferramenta de marketing muito positiva tanto para a entidade que comanda o futebol mundial quanto para os patrocinadores, reforçando o contato com consumidores em todo o mundo”. 

Contudo, a “ferramenta de marketing” não está funcionando como o esperado. Para Edmar Marques, que trabalha em um estabelecimento comercial na Rua Miguel Lemos, “infelizmente não há clima para decorar as ruas, eu preferia investimentos em saúde e educação”. Seu colega André de Castro diz que “o Rio está desacreditado, não tem clima para receber um evento como esse”. Já Julio Augusto Ribeiro, que trabalha em uma das bancas de jornais do bairro, diz que “com essa violência do Rio e esses ingressos caros da Fifa, não tem motivo para decorar rua ou festejar alguma coisa”.

Em Laranjeiras, na Rua General Glicério, a decoração da rua para as Copas do Mundo é tradicional. Caio Solozabal tem 22 anos e há 16 participa do mutirão que organiza a ornamentação. Ele diz que, “este ano não teve clima. Deu tudo errado para essa Copa. Antigamente, 90 dias antes de começar a gente já estava com tudo decorado. Esse ano chegamos a articular, mas ficou dividido entre quem queria e quem não queria. Acabamos não fazendo”. Caio conta que a decoração é feita com a ajuda de moradores e comerciantes. “Para mim, tinha que ter esse ano também, mas por uma questão de tradição apenas. É bom porque tem união entre os moradores, mas está difícil apoiar a Fifa”, opina.

A mãe de Caio, Roseli Rodrigues, é moradora da Rua General Glicério há mais de 20 anos. Ela também lamenta a falta de mobilização para a tradicional decoração da Copa. “Tem alguns meninos que estão arrecadando dinheiro, mas, acredito que não vamos ter nada esse ano. A Copa não está empolgante também”, justifica.

Na Rua Alzira Brandão, na Tijuca, até o início da noite desta terça-feira também não havia decoração. Uma bandeira do Brasil seria levantada no final da noite, mas apenas um pequeno grupo cuidava dos preparativos. A rua permanecia praticamente deserta e os moradores que passavam não demonstravam empolgação. 

Na Rua Jorge Rudge, em Vila Isabel, as bandeiras e fitas deram lugar a apenas uma taça da Copa do Mundo pintada em uma parede. Já na Rua Benjamin Constant, na Glória, bandeirinhas e fitas verdes e amarelas coloriam a escadaria, mas o escudo da Fifa foi coberto com tinta branca.