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Um dedinho cria um problemão 

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E agora? A contusão de Neymar pode abalar bastante a impressão geral de que a seleção de Tite caminhava a passos fi rmes para conquistar o hexa, na Rússia. Até então, o maior temor brasileiro estava relacionado ao temperamento instável do craque, capaz de perder a cabeça com um adversário mais desleal ou com um árbitro que não o agradasse. Aí, num lance bobo, ele torce o tornozelo, sozinho, e fratura o dedinho do pé! Se optar pela cirurgia, como tem sido noticiado, serão cerca de dois meses parado. Se tudo der certo, voltaria em maio, em cima da Copa, que começa em junho.

No Redação SporTV de ontem, o inglês Tim Vickery defendeu uma tese, no meu modo de entender, esdrúxula. A de que tal repouso forçado pode ser até positivo, pois Neymar chegaria ao Mundial “mais descansado”. Discordo. Tal descanso o deixará também sem ritmo de jogo e quem acompanha o futebol há algum tempo sabe muito bem o que é isso. Basta lembrar, por exemplo, o bolão que estava jogando Diego, do Flamengo, até se contundir e operar o joelho e a bolinha que jogou no fi nal do ano passado, depois da volta.

Claro que há exemplos bem-sucedidos de recuperações até mais complicadas, em cima da hora. Ronaldo (principalmente) e Rivaldo também estavam contundidos antes da conquista do penta, em 2002. Pelé não pode nem jogar as duas primeiras partidas, em 58, ainda se recuperando de um problema no joelho.

Mas não se pode esquecer também os casos de fracasso, como o de Reinaldo, em 78, Zico, em 86 e Romário, em 90. O do Baixinho, no meu ponto de vista, é o mais semelhante ao do que pode vir a ser o de Neymar. Ele chegou na Itália 

clinicamente curado, mas completamente sem ritmo. Na única vez que foi escalado como titular, contra a Escócia, não acertou nada e acabou substituído.

Sebastião Lazaroni, então treinador da seleção, acredita que o caso de Neymar seja um pouco menos complicado do que o do Baixinho.

- Faltando 45 dias para a Copa, não sabíamos se poderíamos contar com o Romário. Nem pudemos acompanhar o tratamento dele na Holanda, como o médico da seleção fará agora, em Paris.

De qualquer forma, o técnico é categórico quanto ao tempo necessário para um atleta recuperar o ritmo, após uma inatividade prolongada.

- No mínimo, um mês.

A título de comparação, Gabriel Jesus fi cou quase dois meses parado e está voltando agora, ainda claramente sem ritmo. Vamos ver em quanto tempo estará novamente em plena forma.

Fome aumentada 

Um único ponto me parece que pode ser positivo. É que fi cando fora dos jogos do PSG até o meio do ano, Neymar deverá chegar à Copa com uma fome de bola ainda maior. Ele sabe que para alcançar o sonho de ser eleito o melhor jogador do mundo precisa ganhar a Liga dos Campeões ou a Copa do Mundo. A Liga, em 2018, pelo andar da carruagem, já era.

Obrigação de vitória 

O Flamengo estreia hoje, contra o River Plate, com a obrigação de vencer. É claro que a camisa do rival pesa, mas o momento dos argentinos é caótico, ocupando a vigésima colocação no campeonato de lá. Os rubro-negros, ao contrário, começaram bem o ano e, exceção feita ao Fla-Flu, que jogou com um time reserva, está invicto e, mesmo sem chegar a empolgar, mostra evolução, em relação ao fi nal da temporada passada.

As atuações de Diego e Éverton Ribeiro serão decisivas para o time de Carpegiani. Lucas Paquetá e Éverton são peças importantes, pela movimentação e empenho constantes, mas o passe preciso, o toque surpreendente que pode desarmar a defesa rival deve vir dos mais talentosos. O maior perigo, na minha opinião, está na escalação de Jonas – que muitas vezes se mostra atabalhoado e violento demais. A conferir.

Parabéns

Flamengo e Botafogo se acertaram para fazer no Nilton Santos o clássico de sábado, com torcida dividida. Excelente iniciativa de paz das duas diretorias. Mas é fundamental que se controlem as organizadas. Uma briga feia pode colocar tudo por terra e o passado recente de fl amenguistas e botafoguenses é complicado. O policiamento deve ser reforçado e inteligente.

Urucubaca 

E, novamente uma contusão tira Neymar de um jogo contra a seleção principal da Alemanha...  Espero que as coincidências parem por aí.