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O Congresso e o Congresso

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Um Congresso de Virgílio Távora, de Djalma Marinho, de Paulo Brossard, de Itamar Franco, de Aurélio Viana, de Pedro Simon, de Ulysses Guimarães, de Mário Covas, de Darcy Ribeiro, de Josaphat Marinho, de Bilac Pinto, entre outros do mesmo quilate, era um Congresso que podia se reunir mesmo na ditadura, e enfrentar as baionetas e ameaças dos militares, mesmo os mais antigos ou os mais modernos. 

Não foi há tanto tempo assim que Brossard, com um magnífico discurso na tribuna, em 1979, afirmou durante debates sobre a reforma partidária: "O presidente da República fala do MDB como se fosse um cavalo de sua propriedade."

Esse era um Congresso que podia enfrentar qualquer presidente que a ditadura nos impôs. Sabiam, conheciam e escreviam as leis. Não apenas as leis que faziam no Congresso, mas as que por influência de seus livros, a inteligência brasileira fazia e exigia amenidade das arbitrariedades.

Hoje, no país, os problemas não são mais as arbitrariedades. Hoje, parece que são os negócios, os conchavos e o entendimento de balcão. Hoje, não se classifica um posicionamento como ideológico ou politico. O que se diz é que há um entendimento negocial com objetivos muitas vezes contra o interesse nacional e a favor do interesses privados.

A atuação desses homens, cada vez mais em benefício próprio e contra as necessidades do país, pode fazer com que o povo, sofrido, venha a tomar decisões de consequências inimagináveis. O que se vê hoje no cenário político é uma verdadeira provocação sem ética, sem respeito e sem limites. E a gigantesca falta de escrúpulos pode provocar no povo uma reação violenta nas mesmas proporções. Aí, a discussão sobre como o presidente poderá ser substituído não acontecerá mais nos palácios, e sim nas ruas, pelo povo.