ASSINE
search button

Novo presidente da Vale terá que "resistir às pressões políticas" de Aécio

Frase foi dita em palestra por Murilo Ferreira, que deixa comando da empresa em maio

Compartilhar

O presidente da Vale, Murilo Ferreira, que deixará o cargo no final de maio, disse, durante uma palestra a investidores de São Paulo, na quarta-feira passada (29), que seu substituto, Fábio Schvartsman, terá como maior desafio "resistir às pressões políticas" e citou textualmente o senador Aécio Neves (PSDB-MG) como exemplo.

A informação foi dada neste domingo (2) pelo colunista Lauro Jardim.

Reportagem recente da Folha de S.Paulo, que teve acesso à delação de Marcelo Odebrecht informa que o senador mineiro negociou com executivos da Odebrecht e da Andrade Gutierrez um repasse de R$ 50 milhões. O valor, segundo a delação, estaria relacionado à participação das duas empreiteiras no leilão para a construção da hidrelétrica Santo Antônio, em Rondônia, em 2007.

>> Aécio Neves é campeão de pedidos de investigação na lista de Janot

>> Delator diz que Aécio Neves era "o mais chato" para cobrar propina

>> Acerto com Aécio Neves foi de R$ 50 milhões, diz Marcelo Odebrecht

>> Aécio recebeu propina da Odebrecht em conta de Nova York, afirma delator

Ainda segundo a Folha, embora fosse um dos principais nomes de oposição ao governo Lula, Aécio, à época governador de Minas em seu segundo mandato, tinha sob seu comando uma das empresas que integravam o consórcio que ganhou a disputa, a Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais). Ainda hoje a empresa de energia é controlado pelo governo mineiro. Aécio tinha, ainda, influência sobre o principal investidor da usina, a empresa Furnas (Furnas é a principal acionista da Santo Antônio Energia, com 39% do capital).

A Odebrecht e a Andrade Gutierrez detêm, respectivamente, 18,6% e 12,4% das ações. Um fundo da Caixa Econômica Federal controla outros 20% e a Cemig tem 10%. A construção da hidrelétrica custou R$ 20 milhões.

Marcelo Odebrecht e outros executivos da empreiteira disseram aos procuradores da Lava Jato que o acerto com Aécio Neves foi feito para que houvesse uma boa relação com as duas sócias da usina sobre as quais o senador tucano tinha influência (Furnas e Cemig).

Em nota, o senador Aécio Neves afirmou que "é absolutamente falsa a pretensa acusação" de Marcelo Odebrecht e que não foi apontado nenhum ilícito que teria sido cometido por ele à época em que era governador de Minas Gerais. O senador rebateu, também, a informação de que os pagamentos seriam classificados como propina e que os delatores sequer mencionam se eles foram pagos.