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Paulinho da Força ajudou empreiteira a desmobilizar greves em troca de pagamentos, diz delator

Odebrecht pagou eventos do Dia do Trabalho da Força Sindical

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A Odebrecht bancou os eventos do Dia do Trabalho organizados pela Força Sindical, central controlada pelo deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), o Paulinho da Força, antigo aliado do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Em troca, o deputado teria ajudado a Odebrecht a desmobilizar greves de trabalhadores nas regiões Norte e Nordeste. 

As informações fazem parte do depoimento de Alexandrino Alencar, ex-diretor de Relações Institucionais da empreiteira, que firmou acordo de colaboração.

"Uma das atribuições que eu tinha desde o início da minha carreira profissional era ter ligações com o pessoal dos sindicatos. E, com isso, eu desenvolvi com o próprio Paulinho umas ligações que tinham no início, relações até procurado por ele, de financiar os eventos de 1º de Maio, no Dia do Trabalhador, que ele leiloa automóveis, apartamentos", disse o delator Alexandrino Alencar.

De acordo com Alexandrino, o mesmo seria feito também com a CUT, mas com a central sindical de Paulinho da Força era algo "mais específico". "Aí nós tínhamos um interesse específico, porque estávamos com greves na refinaria Rnet [Abreu e Lima] e estávamos tendo dificuldades expressivas com os trabalhadores das usinas do rio Madeira [...], e a Força Sindical era a central que comandava aquela região."

O deputado é investigado em dois inquéritos abertos na semana passada pelo ministro do STF Edson Fachin. Os inquéritos apuram supostos repasses não declarados de R$ 1 milhão para a campanha dele em 2014 e de R$ 400 mil em 2010, além de R$ 500 mil doados oficialmente em 2012, na disputa pela prefeitura.

Em nota publicada nas redes sociais, o deputado diz que "a Odebrecht doou R$ 1 milhão para o partido Solidariedade, que foi distribuído para pagamentos de campanhas entre diversos candidatos aos cargos de deputados federal e estadual". "Deste montante, minha campanha ficou com exatos R$ 158.563,00, conforme registro no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). É importante ressaltar que minhas contas foram aprovadas pelos órgãos eleitorais responsáveis."

"Como presidente da Força Sindical, que representa duas mil entidades em todo o Brasil, sempre sou solicitado, por minha liderança e experiência, a ajudar a solucionar conflitos em grandes demandas trabalhistas, como no caso da greve dos portuários ou conflitos na Usina do Rio Madeira", completou Paulinho da força.