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Ato contra a Copa no dia da final acontece na Praça Saens Peña

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“A festa nos estádios não vale as lágrimas nas favelas” é um nome emblemático para o ato, organizado por diversas entidades ligadas às comunidades cariocas, que acontece no dia 13 de julho, domingo de final do campeonato mundial. O protesto está marcado para acontecer às 13h, na Praça Saens Peña, área central da Tijuca, zona norte do Rio.

>>Movimento Passe Livre: mídia e violência esvaziaram protestos

Depois de o Brasil ter perdido de 7X1 para a Alemanha na última terça feira (8), a comunicadora e moradora da Maré, Gizele Martins, que participa da organização do ato, comenta a repercussão da notícia na mídia e como ela encarou a derrota, do ponto de vista de alguém que mora e milita pela favela. “Eu acho muito forte a mídia colocar a derrota do Brasil no campeonato como ‘Derrota Nacional’, como se a derrota, ou vestir a camisa de verde e amarelo fosse a única pauta importante. Aquilo que a gente passa na favela é muito maior do que qualquer derrota no esporte. Futebol é esporte, é cultura, mas é muito triste ignorar o resto. Nos sentimos invisíveis”, critica.

O ato busca justamente tocar nesse ponto e deixar as necessidades das favelas mais visíveis e palpáveis. Gizele diz que o protesto também quer marcar um ano do desaparecimento do pedreiro Amarildo, torturado e morto por policiais da UPP da Rocinha, que ainda não teve o julgado dos envolvidos concluído.  “Por causa dos megaeventos a favela tem sofrido muito. São remoções, militarização com as UPPS, exército dentro da Maré. E essas coisas estão ‘invisibilizadas’ diante dos jogos e nacionalismo”, analisa Gizele.

No primeiro ato convocado, que aconteceu no dia 26 de junho, em Copacabana, foram reunidas cerca de 500 pessoas, entre moradores de favelas e apoiadores da causa. O ato “A festa dos estádios” pauta especialmente as necessidades das favelas, criticando as remoções em função dos grandes eventos, a criminalização dos moradores e a militarização dos espaços. “A gente se surpreendeu com o numero de pessoas porque foi o nosso primeiro ato dentro desse um ano de manifestações constantes”, completa.

Para ela, os grandes protestos de junho de 2013 ajudaram de alguma forma, a aumentar a mobilização. “Eu moro na favela e milito há 11 anos. A diferença que sentimos é que conseguimos mobilizar de forma muito mais rápida. Isso é resultado de um ano de manifestações na rua. Antes, não conseguíamos reunir um numero grande de moradores em Copacabana e colocar a pauta das favelas para o asfalto”, comenta.

Ainda que o número de protestos e pessoas nas ruas sejam maiores do que se costuma ver, é incomparável com a multidão que foi às ruas em junho de 2013. Para Gizele, o fim dos megaprotestos se deve a fatores como a violência e à mídia. “Em junho tivemos o apoio midiático, que fez que cem mil pessoas fossem as ruas. Hoje, vemos voltar a criminalização dos protestos. A cidade ficou militarizada e tem também o medo de estar na rua protestando, porque pessoas são detidas, outras levam bala de borracha, esse tipo de coisa”, relembra.

Ainda sim, ela vê como positivo o saldo das jornadas de junho. “Temos esse ano, como resultado das manifestações do ano passado as lutas dos profissionais. Cada categoria foi buscando sua luta dentro daquilo que precisam, temos inúmeras categorias fazendo greve, fazendo paralisações e indo para rua”, pontua. 

* Do programa de estágio do JB