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Bope faz 2º dia consecutivo de operação na Rocinha após domingo de terror

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A Polícia Militar faz operação em quatro comunidades na manhã desta terça-feira (19), entre elas, a Rocinha. O Batalhão de Operações Especiais (Bope) está na comunidade e tem o apoio dos homens da Unidade de Polícia Pacificadora da Rocinha e do batalhão do Leblon. 

Os policias fazem um cerco e percorrem ruas em busca de traficantes. Além da Rocinha, o Bope faz operação no Morro do Vidigal, no Leblon, na Zona Sul do Rio. O Batalhão de Choque faz operação no Morro do São Carlos, no Estácio, e no Morro dos Macacos, em Vila Isabel. A polícia também percorre ruas dos morros da Babilônia e Chapeu Mangueira.

Na segunda-feira, moradores da Rocinha relataram nas redes sociais que um novo tiroteio teria começado na região no fim da tarde. O comércio teria fechado as portas e vans, parado de circular. A ordem teria partido do traficante Rogerinho 157, que estaria escondido na parte alta da comunidade.

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Moradores relataram ainda que ônibus com criminosos teria chegado à comunidade para dar apoio aos traficantes locais. Eles teriam vindo do Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio. 

Na manhã desta terça, o comércio começou a abrir as portas, e os ônibus circulam normalmente. Ônibus escolares, contudo, evitam a região por motivos de segurança. Não há informações sobre o funcionamento de escolas e postos de saúde.

Operação

A Polícia Militar prendeu três pessoas e apreendeu duas granadas e roupas do Exército e de fuzileiros navais em operação nesta segunda-feira (18) na Rocinha. Um dia após o confronto entre traficantes na comunidade em São Conrado, Zona Sul do Rio, que deixou pelo menos um morto, o delegado titular da 11ª DP, Antônio Ricardo, afirmou que há indícios de que líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC) apoiaram a tentativa de retomada da favela pela quadrilha de António Francisco Bonfim Lopes, o Nem.

O delegado admite que os criminosos da facção paulista podem estar dentro da Rocinha, apesar de a Polícia Civil não confirmar a influência do PCC na comunidade. Entretanto, afirma que os criminosos que participaram da invasão vêm de pelo menos três favelas controladas pela facção ADA (Amigo dos Amigos): São Carlos, no Estácio; Vila Vintém, em Padre Miguel; e Macacos, em Vila Isabel.

Antônio Ricardo explicou que, de acordo com as investigações até agora, há uma tentativa de retomada do território pela ex-liderança do tráfico local, Antônio Bonfim, derrubado por Rogério Avelino, que estaria escondido na parte alta da Rocinha. O delegado considera que a ação desta segunda obteve sucesso.

“As providências tomadas foram o suficiente, tanto que a quadrilha rival não conseguiu invadir. Com a intervenção da Polícia Militar, eles conseguiram rechaçar a entrada desses marginais. Então, acredito que foi uma intervenção bem proveitosa. Nós tínhamos informação não confirmada, repassada pelo setor de inteligência e, em cima desses informes, a PM adotou a estratégia, que na nossa opinião foi exitosa”, afirmou.

O delegado disse ainda que, por enquanto, “a comunidade está em aparente normalidade, com ocupação por parte as forças especiais e as prisões e apreensões vão ocorrer no decorrer do dia”.

Balanço

De acordo com a PM, três moradores foram feridos, um deles foi levado para o Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea, e dois para o Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Bara da Tijuca. Também foram encontrados dois corpos carbonizados, que já foram recolhidos pela Delegacia de Homicídios. 

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que no início desta manhã, um homem baleado em confronto foi levado para o Hospital Municipal Miguel Couto, mas não resistiu aos ferimentos. Com ele, foi apreendida uma pistola calibre 9 mm.

O balanço final divulgado pelo twitter da PM nesta segunda contabiliza a apreensão de três pistolas, sendo duas 9 mm e uma 40mm, 320 sacolés de maconha, 120 sacolés de crack, 80 pinos de cocaína, 1,5 quilos de maconha em tablete, quatro vidros com lança-perfume, um rádio transmissor, duas granadas, duas gandolas, uma calça do Exército e uma bermuda camuflada.

A operação começou às 4h30, com participação das unidades do Comando de Operações Especiais (COE), dos batalhões de Operações Especiais (Bope), Choque, Ação com Cães (BAC) e do Grupamento Aeromóvel (GAM), com o objetivo de “identificar e prender os criminosos envolvidos na disputa do tráfico de drogas local”. 

“Após a entrada da Polícia Militar, e estabilização do terreno, agentes da Polícia Civil irão cumprir mandados de prisão na Rocinha”, informou a corporação.

Informação

A unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha já tinha a informação de que criminosos planejavam invadir a comunidade a qualquer momento. Entretanto, não houve nenhuma ação para evitar a invasão e os confrontos. Pelo menos 70 bandidos vieram de fora e se juntaram a outros na comunidade.

O porta-voz da Polícia Militar, Ivan Blaz, afirmou que o serviço de inteligência da corporação estava monitorando possível invasão de território, mas não foi possível identificar o dia em que ocorreria a ação. Ele disse ainda que a corporação atuou corretamente para minimizar danos a moradores e que responsabilizar apenas a corporação é "muito pesado", já que a PM lida com a possibilidade de invasões às 1.200 áreas carentes da Região Metropolitana.

"Lidamos diariamente com um cotidiano de escassez e ainda assim conseguimos atuar no sentido de impedir que criminosos ajam livremente. Neste momento, por exemplo, trabalhamos aqui [na Rocinha] e em outras quatro áreas da cidade sob ameaça de confrontos", explicou Blaz, informandou ainda que, só nesta segunda, 300 PMs estão vasculhando a Rocinha.

"O juiz não pode decidir apenas com a letra fria da lei. É preciso considerar as investigações policiais sobre aquele elemento. Os criminosos que participaram do confronto aqui já haviam sido presos, mas foram soltos pela Justiça. E o resultado é esse que estamos vendo", criticou Blaz, para quem essa violência é fruto de "decisões isoladas" de juízes.

Com Agência Brasil